terça-feira, 21 de agosto de 2012

Atropelamentos têm queda de 25,4%

O primeiro semestre deste ano teve 25,4% menos atropelamentos na comparação com o mesmo período de 2011. Nos seis primeiros meses, foram 488 vítimas em Santo André, São Bernardo e São Caetano, contra 654 de janeiro a junho de 2011. As demais prefeituras da região não informaram os números. Ações de conscientização são apontadas como a principal causa da diminuição.
A cidade que obteve o resultado mais satisfatório foi São Caetano, que conseguiu reduzir o número de casos em 81,7%, passando de 93 para 17 ocorrências no semestre. O município foi o primeiro da região a criar campanha de proteção ao pedestre. O projeto, batizado de Faixa Segura, foi lançado em maio do ano passado. As vias onde há maior risco de atropelamento são as avenidas dos Estados, Guido Aliberti e Presidente Kennedy.
Em São Bernardo, a queda foi um pouco menor que a média regional. Foram registrados no município 23,6% menos acidentes com pedestres, passando de 279 para 213 episódios nos seis primeiros meses de 2012, ante o mesmo período do ano anterior. Segundo a Prefeitura, a maioria dos atropelamentos ocorreu na Estrada dos Alvarenga, nas avenidas Brigadeiro Faria Lima, Lucas Nogueira Garcez e Capitão Casa, além da Rua Marechal Deodoro, no Centro.
A redução foi tímida em Santo André, com 8,5%. A cidade registrou 258 casos no primeiro semestre deste ano, contra 282 no período anterior. A administração lista a Rua do Oratório e as avenidas Dom Pedro II e Pereira Barreto como pontos de maior incidência.
MORTES
Em São Bernardo e Santo André, o número de mortes por atropelamento no local do acidente teve queda de 42,8%, passando de 14 para oito casos somados. São Bernardo teve queda de sete para uma morte, enquanto em Santo André foram registradas neste ano as mesmas sete vítimas fatais do primeiro semestre de 2011.
São Caetano diz não ter a quantidade de vítimas fatais, pois o levantamento é feito pelo IML (Instituto Médico-Legal). A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram procurados pelo Diário desde o início do mês, mas não divulgaram os dados.
Apesar da desorganização do poder público na contabilização dos casos, a redução de mortes é vista de forma positiva pelo urbanista Nazareno Affonso, que, em 1997, criou em Brasília a campanha pioneira de respeito ao pedestre. "A ONU (Organização das Nações Unidas) definiu em 50% a meta de redução na década. Com esse número, estamos quase chegando lá." Affonso foi secretário de Transportes em Santo André entre 1989 e 1992, na gestão do prefeito Celso Daniel (PT), morto em 2002.
Especialista atribui redução à influência da Capital
O urbanista Nazareno Affonso, criador da primeira campanha de proteção ao pedestre no País, acredita que a diminuição nos atropelamentos na região possa ter ligação com a campanha da prefeitura de São Paulo.
No centro expandido da Capital, foi registrada redução de 43,6% no número de mortes, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A queda compreende o intervalo entre maio de 2011 a março de 2012, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em toda a cidade, a queda foi de 10,3%.
"Por ser região metropolitana, as ações de uma cidade influenciam nas demais", avalia Affonso. Ele acrescenta que, em 1997, quando a campanha pioneira foi criada em Brasília, também foi observado fenômeno semelhante nas outras cidades do Distrito Federal.
Para Consórcio, números são reflexo do Travessia Segura
Apesar de a campanha Travessia Segura ter pouca força na região, o projeto é visto pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC como responsável pela redução no número de atropelamentos. A iniciativa foi criada pela entidade em dezembro do ano passado e, até agora, poucas ações foram vistas nas ruas.
A subcoordenadora do Grupo de Trabalho do Consórcio, Cristina Baddini, avalia que a campanha fez aumentar nos motoristas a conscientização pelo respeito ao pedestre. "Entendo que essa redução é resultado claro das ações do Travessia Segura." Para diminuir ainda mais o número de atropelamentos, Baddini reivindica que a Polícia Militar intensifique as blitze da Lei Seca.
Outra sugestão é para que o policiamento reforce a fiscalização contra veículos que possuam nos vidros películas escuras que impossibilitem a visão interna. "Geralmente, ao atravessar, há uma espécie de negociação visual entre o motorista e o pedestre. Então, se a pessoa não vê o condutor, podem aumentar os riscos, pois o motorista pode estar olhando para outro lado."
Em outubro, o presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), havia dito que a entidade tiraria a campanha das ruas até o fim do período eleitoral. O argumento era que os materiais de publicidade dos candidatos iriam provocar saturação. No entanto, Baddini, que é diretora de Transportes em São Caetano, afirma que o projeto não foi paralisado no município.

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC

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