quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fim dos fretados não melhorou o trânsito




Mais cansaço, menos dinheiro no bolso e muito tempo perdido no trânsito. Assim ficou a vida de, pelo menos 250 mil pessoas depois que entrou em vigor a portaria do prefeito Gilberto Kassab que restringe a circulação de ônibus fretados em São Paulo. Os fretados eram responsáveis por 2% dos deslocamentos na região metropolitana, quatro vezes a demanda dos táxis, por exemplo. O governo esperava retirar 1.300 veículos-650 pela manhã e 650 à tarde, do minianel viário definido agora como Zona Máxima de Restrição a Fretados (ZMRF).

O Grande ABC teve sérios problemas

Para chegar em muitos locais os usuários do ABC tem de descer no Terminal Sacomã e usar o transporte público, ou optar por carro próprio. Com a restrição os passageiros ficaram muito longe de onde trabalham, alguns tem de pegar várias conduções. E ainda tem pessoas que não estão conseguindo pagar o fretado mais o transporte público.

Prova de incoerência

Entre os principais problemas dos fretados estavam as paradas desordenadas para embarque/desembarque em vias saturadas e a existência de muitos veículos e rotas clandestinas, sem autorização do município. O que polui mais? 1 ônibus ou 40 carros? O que causa mais trânsito? 1 ônibus ou 40 carros? É mais fácil colocar filtros de emissão de poluentes em 1 ônibus ou em 40 carros?




O ônibus fretado sempre teve a imagem de ser um serviço adotado apenas por pessoas de alto poder aquisitivo. A pesquisa Origem/Destino do Metrô, porém, apontou queda na renda média do usuário do serviço entre 1997 e 2007. Esta medida prejudica também os não-usuários de fretado, pois serão milhares de pessoas e carros a mais brigando por espaço nas ruas, ônibus e metrô. Ao contrário de resolver o problema da poluição com a retirada dos ônibus, houve um agravamento do problema. Além do aumento dos carros, outro impacto foi juntarem quatro ou cinco pessoas e alugarem uma van, o que teve um impacto muito maior no trânsito do que os ônibus. O trânsito na Grande São Paulo piorou!




SÃO PAULO -Estadão


A Secretaria Municipal dos Transportes errou na projeção que fez sobre o crescimento na demanda de passageiros nas estações da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), após a restrição de ônibus fretados numa área de 70 km² da capital paulista. Os números projetados ficaram muito abaixo do que foi registrado pelas duas companhias de transporte.Embora a Prefeitura negue que mais carros tenham ido para a rua após a restrição, os índices de congestionamento apontam uma cidade mais engarrafada. O mês de setembro teve média de 71,3 km de lentidão nos dias úteis, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). No mesmo período de 2008, a CET havia registrado média de 65 km. Já agosto foi atípico, por causa do adiamento no início das aulas com a gripe suína - o que contribuiu para haver menos veículos nas ruas. Mesmo assim, a CET registrou média de 63,9 km de engarrafamentos, ante 69 km no mesmo mês de 2008.

CRÍTICAS

"Essa restrição não teve fundamento. Quem tinha o conforto de um fretado não vai usar trem mesmo. Além disso, quem deixou o fretado passou a andar de carro. O resultado a gente vê todos os dias: são engarrafamentos cada vez mais insuportáveis", critica o deputado estadual Orlando Morando (PSDB), da Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa.Vanessa Giedre de Andrade Cheachiri, vendedora de software, é o típico exemplo de usuário de ônibus fretado que migrou para o carro particular após a restrição, contribuindo para aumentar os congestionamentos. "Não valia mais a pena usar fretado. Pagava mensalmente o ônibus e tinha de gastar também com o metrô", reclama ela, que utilizou os coletivos fretados por cinco anos para ir de casa, em São Bernardo do Campo, até a Avenida Paulista, na capital, onde trabalha.Além do gasto, segundo Vanessa, o tempo de viagem no retorno para casa, no fim do expediente, aumentou. "Eram duas linhas da empresa que eu usava que vinham da Paulista para o ABC. Uma delas foi cancelada porque os passageiros optaram por usar o carro próprio, em vez de fretado e metrô. Então, juntaram as pessoas num ônibus só e a linha ficou mais extensa", conta. Com relação à entrada de passageiros no metrô, a Prefeitura estimava que a Estação Parada Inglesa da Linha 1-Azul fosse receber 7 mil passageiros a mais nos dias úteis, que desceriam de ônibus fretados no terminal e ingressariam no sistema sobre trilhos. Mas, segundo a companhia, antes do dia 27 de julho, data em que passou a vigorar a restrição, a média de entrada de passageiros na Parada Inglesa era de 15.953 pessoas, ante 15.931 após a restrição, uma diminuição de 0,14%. Também houve variação negativa na Estação Brás da Linha 3-Vermelha (0,9% ou menos 114 passageiros, em relação aos 12.694 do mês anterior).Segundo o Metrô, o período medido também leva em consideração variáveis como o prolongamento das férias escolares de meio de ano. "Por conta disso, não é possível atribuir à restrição de circulação dos fretados a redução na entrada de passageiros", informou a companhia.De acordo com a Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Fretamento do Estado (Assofresp), desde o início da restrição aos fretados o número de ônibus que faziam as linhas da zona leste da capital para as Avenidas Faria Lima, Luís Carlos Berrini e Paulista foi reduzido em 50%, por falta de passageiros. "Tínhamos 450 linhas diárias", diz o diretor da Geraldo da Silva Maia Filho.
Eduardo Reina
Estadão
Cristina Baddini Lucas

6 comentários:

  1. É fácil falar que prioriza o transporte público e não o automóvel, difícil é fazer.
    Ricardo

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  2. Quatro mil passageiros deixam fretados na região
    Vanessa Fajardo
    Do Diário do Grande ABC


    Pelo menos metade dos passageiros do Grande ABC, cerca de 4.000 pessoas, que iam trabalhar de ônibus fretado na Capital, deixaram de utilizar o transporte por causa da lei que restringe a circulação desses veículos em uma área de 70 quilômetros quadrados, em vigor desde julho. Eles viajavam em aproximadamente 100 veículos. A estimativa é do diretor da Assofresp (Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Fretamento e Turismo do Estado do São Paulo), Geraldo Silva Maia Filho.

    Por outro lado, levantamentos do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) mostram que o número de usuários desses meios de transportes se manteve praticamente o mesmo após a lei. Em alguns pontos até houve queda no movimento. Nos primeiros cinco dias de junho, 10.967 pessoas embarcaram na Estação Berrini, na Zona Sul. Na primeira semana da lei (entre os dias 27 e 31 de julho), o número de passageiros que passou pelo mesmo local caiu para 10.778. Na Linha 1 do metrô houve crescimento de 1,21% na média de usuários após o início da restrição aos fretados.

    O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) integrante da Comissão dos Transportes da Assembleia diz que os números mostram que os passageiros dos fretados passaram a usar seus próprios carros. "O que piora o trânsito da cidade e traz prejuízos ao meio ambiente. Esta lei é uma decisão equivocada." Morando vai protocolar ofício junto à prefeitura pedindo a volta da circulação dos ônibus.

    A Prefeitura de São Paulo foi procurada, mas não retornou ao pedido de informações.

    ‘A lei complicou muito minha vida'', diz moradora

    Moradora de Mauá, Mariana de Alencar Pilatos, 23 anos, trocou a comodidade e economia do fretado para trabalhar com o próprio carro, na Santa Casa de São Paulo, bairro Santa Cecília, no centro da Capital, desde que a restrição de circulação passou a valer.

    A assistente de Recursos Humanos ainda tentou chegar ao trabalho de trem e metrô, mas não aguentou a superlotação. "Até fiz um teste, o trem é muito lotado de manhã e no metrô do Brás às 7h quase não dá para entrar."

    Mariana gastava R$ 200 com o fretado, valor que hoje usa para pagar o combustível do carro, e ainda tem de arcar com mais R$ 150 de estacionamento. Fora o trânsito. "Às sextas-feiras saio às 19h, mas só chego em casa às 20h30. Aumentou muito o número de carros na rua, inclusive o meu. A lei complicou muito a minha vida."

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  3. Além dos fretados do ABC existem diversos fretados da baixada e de São Paulo que deixaram de circular, os fretados mais ajudam do que atrapalham, 01 onibus = 40 carros as menos, é pura matemática.
    João Alves

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  4. Esta lei é um grande equivoco. Em todos os lugares do mundo as politicas de transporte são voltadas ao uso do coletivo e não do individual como esta Lei propõe. Os fabricantes de veículo, donos de estacionamentos e de empresas de onibus urbano de São Paulo devem estar aplaudindo o prefeito Kassab de pé.
    Luis Nunez

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  5. Todos os projetos de lei que esses politicos aprovaram até hoje. ,é em beneficio deles mesmos.Isso é Brasil.

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  6. Uma enxurrada de paulistanos apoiaram esta proibição sem fundamento agora estão arrependidos... Sofram com as consequências, bando de estergosauros.

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