terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Rodízio pode ajudar a melhorar trânsito no Grande ABC


Os congestionamentos enfrentados pelos motoristas do Grande ABC todos os dias estão longe de acabar. Especialistas em engenharia de tráfego e urbanismo ouvidos pelo Diário acreditam que a região deveria aderir ao rodízio de veículos e investir em soluções baratas que envolvam o transporte coletivo, como a construção de corredores de ônibus.
Aplicadas na Capital paulista na última década, as alternativas surtiram efeito, mas não foram capazes de resolver completamente o problema do trânsito. Restringir a circulação de carros tem sido um assunto evitado pelos políticos da região. Não há, atualmente, discussão sobre o rodízio no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.
"A solução para o trânsito envolve medidas amargas. Atitudes que, muitas vezes, são impopulares", afirma o professor Ricardo de Sousa Moretti, do Centro de Engenharia e Ciências Sociais da UFABC (Universidade Federal do ABC). "Qualquer solução passa por tirar os carros das ruas. A pergunta é: de quem tirar? É aí que entram as restrições", conclui.
Outras atitudes impopulares apontadas por Moretti são o pedágio urbano, a proibição de estacionamento em áreas centrais e a cobrança de impostos mais altos para os combustíveis. "Se houvesse menos carros na rua, o transporte público andaria mais rápido, ofereceria mais conforto e seria mais barato", avalia o professor.
Um estudo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) mostra que, embora transportem 80% dos passageiros, os ônibus ocupam apenas 20% dos espaços nos corredores urbanos. "À medida que o governo restringe a circulação dos carros com o rodízio, por exemplo, deve oferecer alternativas. Corredores de ônibus são rápidos e baratos de se fazer", afirma Marcos Bicalho, diretor-superintendente da NTU.
Na análise do professor Douglas Filenga, pesquisador de Gestão de Cidades da Universidade Metodista, o tema é ainda mais amplo. "Essas opções são paliativas. Devemos desenvolver sistemas que ofereçam variados tipos de transporte, entre eles o de bicicletas, de cadeira de rodas e a pé. Tudo isso submetido à questão ecológica. Temos que pensar a cidade em termos de sistemas interligados", afirma Filenga.
Congestionamento fez publicitário largar aulas de música
O trânsito foi o culpado por fazer o publicitário Thiago Sabino, 23 anos, abandonar as aulas de música. Morando em São Caetano e trabalhando na Capital, o jovem nunca conseguia chegar a tempo no estúdio onde tinha aulas, em Diadema.
"Tinha dia que levava mais de duas horas para sair do meu trabalho e ir para a escola. Comecei a chegar mais de uma hora atrasado e não teve como continuar", afirma o publicitário.
A última Pesquisa Origem - Destino, do Metrô de São Paulo, mostra que o morador do Grande ABC perde, todos os dias, 58 minutos andando de carro e uma hora e 48 minutos no ônibus.

Tiago Dantas

Do Diário do Grande ABC

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