sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Semáforo Assassino.Murilo morre ao tentar atravessar a rua de Santo André


Um estudante de 18 anos morreu ao encostar em um semáforo de pedestres em Santo André, na noite desta quinta-feira, e receber uma forte descarga elétrica. Murilo Duvilio Quartarollo iria atravessar a Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, na Vila Luzita, e estava junto com um amigo, Bruno De Aro, de 19 anos. O poste de metal tinha vários fios desencapados, amarrados por fora. Segundo Bruno, o amigo apenas teria tocado o poste quando subiu no meio fio da calçada.
Ao receber a descarga elétrica, Murilo caiu no chão. O amigo conseguiu reanimá-lo.
- Eu fiz massagem cardíaca e respiração boca a boca nele e o coração voltou a bater. Ele conseguiu se levantar, mas estava meio zonzo e não falava - conta o amigo.
De acordo com Bruno, uma viatura da polícia passava pelo local na hora do incidente e negou socorro, por estar atendendo uma ocorrência de assalto. Murilo acabou socorrido por um desconhecido que passava pelo cruzamento.
- A delegada pediu para eu não falar sobre essa parte da ocorrência - revela Bruno.
Ainda segundo o amigo, ao chegar ao posto de saúde municipal da Vila Luzita, a dupla foi informada que não havia médico no pronto-atendimento.
- A gente correu para a emergência, onde havia apenas um médico, que afirmou não poder fazer o atendimento porque não havia maca. Eu corri e busquei uma maca. O médico disse que não podia tocar no meu amigo. Fui eu quem o colocou na maca. Só então que ele foi atendido. Mas, já era tarde. Ele não resistiu - lamenta Bruno.
- Em cinco minutos tem muita coisa que pode acontecer, que pode ser feito por um médico - afirma a amiga Jaqueline Maria Bueno, de 21 anos.
Angelo Candido Ferreira Filho, representante da Eletropaulo, disse em depoimento ao 1º Distrito Policial de Santo André, que a empresa não foi a responsável pela instalação irregular do fio e que a a responsável pela iluminação pública da cidade é a Prefeitura.
O prefeito de Santo André, Aidan Ravin, que também é médico e trabalhou na rede municipal de saúde, afirmou que não é possível afirmar se houve negligência.
- Não posso falar nada até que tudo seja investigado. Já enviamos equipes para apurar o que aconteceu - garante.
Por volta de 10h da manhã desta sexta,fios do semáforo onde Murilo foi atingido continuavam desencapados . O equipamento que permite aos pedestres acionar o botão para que possam usar a faixa de pedestre foi retirado do local, mas ficou um fio desencapado, com a ponta queimada.
Funcionários do departamento de trânsito da Prefeitura de Santo André estiveram no local na manhã desta sexta-feira para fazer manutenção. Um deles confirmou a existência do equipamento, mas disse que depredações são comuns.

Amigos de infância e vizinhos lamentam a morte do jovem. Denise França, de 18 anos, foi colega de Murilo, o 'Muga', como era carinhosamente chamado, desde a pré-escola. Os dois estudavam juntos no Colégio Clotilde.
- O 'Muga' era um garoto sossegado, que gostava de todo mundo igual. Era um cara que só queria ser feliz - conta.
Murilo, que completou 18 anos no dia 9 de julho, pretendia tirar carteira de habilitação e comprar uma moto. Ele terminaria o Ensino Médio no fim do ano, quando prestaria vestibular para logística. Era filho único e estava feliz porque tinha conseguido há alguns meses um emprego em uma marcenaria.
- A gente era muito unido. Natal, Ano Novo, Copa do Mundo, sempre juntos. A garagem da casa dele era nosso ponto de encontro. Agora, a gente vai se reunir com o Muga no pensamento e nos corações - desabafa Denise.
No dia 12 de abril, um jovem de 21 anos morreu eletrocutado ao encostar-se em uma parada de ônibus, no centro de Porto Alegre. O acidente ocorreu na Avenida João Pessoa, próximo à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Valtair Jardim de Oliveira, aluno da Escola Estadual Paula Soares, voltava para casa com um amigo. Quando chegaram ao terminal, o estudante encostou-se na grade que separa a parada da pista e sofreu um choque elétrico fulminante.
Conforme um colega dele, Charles Dênis Farias, 21 anos, o jovem gritou e tentou se agarrar a ele para pedir socorro, mas não conseguiu falar.
O Globo

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