Do total de viagens na RMSP, 13,8 milhões, ou 55% do total, foram feitas por transporte coletivo, o que representa uma evolução no uso do transporte coletivo em relação ao individual como não se registrava desde o início da pesquisa, em 1967.
A mobilidade urbana é um dos nós mais difíceis de desatar nas metrópoles, em que o apelo pelo transporte individual, somado ao bom momento da economia nacional brasileira, coloca em nossas ruas e avenidas milhares de carros novos a cada mês.
Cidades como as da Grande São Paulo começam a literalmente parar, causando prejuízos e transtornos incalculáveis para a população. Só nos últimos dois anos, as vendas de carros cresceram mais de 40% no Brasil.
É dever do Estado e direito do cidadão garantir uma mobilidade urbana sustentável para todos. Quem pensa que vai resolver o trânsito com medidas paliativas, não está falando a verdade. O automóvel cria a lógica de sociedade pouco solidária. Não há espaço para todos usarem automóvel nos seus deslocamentos diários.
A principal medida é considerar o transporte público como uma necessidade básica, ao mesmo nível da educação, saúde, habitação, saneamento e segurança.
A venda de soluções milagrosas para os congestionamentos e o transporte público precário sempre foi um trunfo na propaganda política. A imagem do prefeito realizador de grandes obras viárias, a promessa do asfaltamento como forma de clientelismo urbano e projetos visionários já fazem parte do folclore paulistano.
A diretriz para a melhoria da mobilidade na cidade deve ser a prioridade ao transporte público coletivo, que deverá ser superior em aspectos como tempo e custo de deslocamento, bem como conforto, em relação ao veículo individual.
Propostas interessantes ao alcance de um prefeito é a extensão dos corredores exclusivos; o aperfeiçoamento da integração tarifária com a bilhetagem eletrônica integrando as linhas urbanas e metropolitanas; garantindo respeito aos idosos e pessoas com deficiência e reduzindo custos para os passageiros; verificando a necessidade de melhorar o transporte público noturno; realizando campanhas e ações educativas sobre as leis de trânsito; acessibilidade universal e o uso de combustíveis não poluentes.
Enfim, a cidade ideal será aquela que prioriza o transporte público em relação ao individual, cuja circulação deve sofrer restrições. E mais, o setor produtivo e os proprietários de imóveis e veículos individuais devem participar do financiamento do serviço de transporte coletivo.
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