O trânsito de São Paulo é um grande desafio e a sociedade civil tem a necessidade imperiosa de fazer com que a cidade ganhe mobilidade. Essa é a opinião do secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, que participou de encontro da política “Olho no Olho” realizado pelo Secovi-SP nesta sexta-feira, dia 29/4, em sua sede.
Para ele, o que mais destrói o Brasil é a descontinuidade de programas de governo e a negligência com aquilo que foi feito pelos antecessores. “Há um desequilíbrio do uso e ocupação do solo, com alta densidade de pessoas que residem longe do emprego. É preciso coragem política para mudar e estruturar”, enfatizou o secretário.
Fernandes lembrou que os conjuntos habitacionais foram construídos nas periferias e grande parcela da população adotou o método individual de deslocamento, com uso do carro. “O veículo mudou comportamentos, mas agora penaliza a população, tirando a liberdade de locomoção”. Ele diz que os longos deslocamentos da população em movimentos pendulares (ida e volta) ocorrem, principalmente, porque as moradias encontram-se afastadas dos locais de trabalho e estudo.
Apesar de considerar fundamental a expansão do metrô, afirma que é indispensável estimular o uso e a ampliar a eficiência do serviço que já existe. Em São Paulo, transportes individual e coletivo estão empatados, segundo informou o secretário: são 14 milhões de viagens por dia no sistema coletivo, 12 milhões em deslocamentos a pé ou de bicicleta e os mesmos 12 milhões no transporte individual. “Não devemos olhar aqueles que andam como vítimas, mas enxergá-los como praticantes de uma atividade saudável, tranquila e econômica”, assinala, destacando a importância da caminhada e que o mundo desenvolvido cada vez mais aposta em bicicletas. "É imperativa a mudança de comportamento, a inovação, a integração. A bicicleta não serve apenas para lazer, é um meio de transporte interessante, e deve ser utilizado.”
Integração – Jurandir Fernandes defendeu o sistema de transporte integrado, explicando que São Paulo registra hoje 8,5 milhões de passageiros por dia entre o Metrô (3,6 milhões), CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (2,4 milhões) e EMTU - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (2,5 milhões).
Segundo ele, o Metrô possui 70 quilômetros de linhas – e devem chegar a 99 quilômetros em 2014 –, integradas a 230 quilômetros de trens. “É preciso investir em ambas”, assinalou, informando que serão entregues mais 105 trens na CPTM (quase o dobro dos trens que circulam no horário de pico), e que a meta é reduzir para 3 minutos o intervalo entre as composições, dos atuais 7 minutos a 5 minutos.
Mudanças – O secretário afirma que é preciso promover as mudanças conjuntamente e pensar a cidade de forma equilibrada, trazendo os moradores para os subcentros, como Lapa, Centro e Brás. “Há que se acreditar na habitação no centro de São Paulo, colocando vida na cidade. Também não se pode deixar de levar investimentos para as pontas da Capital, nas periferias. Temos de levar empresas e serviços para as pontas e habitantes para as regiões centrais”, acentuou.
O presidente do Secovi-SP, João Crestana, ressaltou que Jurandir Fernandes tem a mesma abordagem que o setor com relação à mobilidade urbana, a preocupação em discutir formas de conscientizar a sociedade para a melhoria das cidades. “São Paulo é muito complexa e necessita de integração. O secretário trouxe essa visão de integração, para que os problemas comuns sejam tratados de forma conjunta por municípios vizinhos”, ponderou, reforçando que o urbanismo e suas soluções têm de estar cada vez mais presente nas conversas de toda a sociedade. “Com cidades bem planejadas, todos terão conforto, segurança, qualidade de vida”, concluiu.
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