quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mobilidade urbana versus colapso social


Não temos um transporte realmente público, talvez coletivo.

O direito de ir e vir é uma moeda de troca em nome de um grande mercado chamado Transporte nas grande cidades. Sua tarifa é segregadora e 38 milhões de brasileiros não possuem acesso a transportes coletivos devido a seu preço que, segundo o IBGE, é o terceiro maior gasto da família brasileira.

Uma grande contradição, pois os cidadãos ficam sem os serviços que seriam a vantagem de se morar em um centro urbano e ainda são impulsionados a se arriscar com bicicletas ou motos para ganhar maior mobilidade ou se juntar à fila dos que acreditam que um automóvel pode fazer milagres.

Milagres só para a indústria automobilística, que tem toda sua cara impressa nas cidades, com ruas exclusivas para carros e uma indústria que fomenta, mesmo não havendo mais espaço ou vagas para este tormento que é o trânsito das grandes cidades, e lucra com cada um que desiste e entra na fila.
Daí lança-se campanhas com celebridades sorridentes para esconder o problema, e a seguradora que lucra com acidentes automobilísticos bota a culpa na gente, que anda muito estressado com o trânsito.
O aumento de veículos, ruas e rodovias esburacadas e sem sinalização, muitas filas e a impaciência que temos de aguardar em uma dessas filas são combinações perigosas.

O trânsito nos torna insanos e não há gentileza ou sistema brasileiro de trânsito com leis e multas que faça mudar isto: é um colapso, um ataque de nervos. Ter compromissos e uma vida a seguir com um fluxo de carros enormes que não sai do lugar é muito para o ritmo veloz das cidades. O carro se transforma em seu território e uma linha imaginária ao seu redor será disputada com os demais como qualquer outro predador que vai à caça. Qual a solução viável para esta dramática situação? Um transporte público de verdade.

O trânsito nas grandes cidades é um atraso a todo ideal de progresso. Os carros particulares ocupam 58% do espaço viário para levar somente 20% da população. Os ônibus transportam mais de 68% das pessoas e ocupam só 24% dos espaços das cidades no Brasil.

Uma solução seria mais séria e mais profunda e deveria ocorrer em todas as grandes cidades e municípios do país, em nome da mobilidade urbana e do direito de acesso à cidade é o transporte público na cidade de Hasselt, na Bélgica - desde 1996 com tarifa zero, teve um aumento gigantesco em sua utilização (1319% em 10 anos), fazendo com que as cidades tivessem mais espaço e acesso por seus cidadãos. Ela faz parte de um pequeno e crescente número de cidades ao redor do mundo que estão oferecendo tarifa zero no transporte público.

Precisamos de políticas sérias, para fazer você deixar seu carro na garagem e viajar de transporte público.

Um comentário:

  1. Estou preparando uma monografia de pós aqui em recife sobre mobilidade urbana e transporte coletivo. Estou de acordo com tudo que escreveu. Tenho uma concepção sobre o assunto: está se tornando uma cultura deixar o transporte coletivo para o individual. Vejamos: São crescentes os engarrafamentos, falta de segurança, estacionamento. Temos uma vida ativa de mais ou menos 50 anos, claro que a primeira chance que se tem de comprar um carro para uso no final de semana com a família não exitamos, e para completar se temos condições de colocar gasolina, e deslocar com o veiculo para o trabalho, escola, faculdade etc. Só nos resta uma decisão abolir o transporte publico. Diante esta situação é prementes uma reavaliação quantitava e qualitativa desses transportes coletivos principalmente nos grandes centros urbanos. Sem isso é quase que impossível à reversão da situação.

    Fernando Herculano Dias
    Prof.Geografia (pós-meio ambiente e gestão territorial)

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