quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Transporte de Curitiba é atração em Congresso da ANTP






Como é a cidade que queremos construir? Qual é o modelo de mobilidade urbana que queremos adotar para ela?
Esta é a discussão do 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, organizado pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).O evento está sendo realizado na cidade de Curitiba até o dia 2 de outubro.
A Prefeitura de Curitiba apresentou dia 29 o sistema de transporte a 100 técnicos em transporte coletivo de vários pontos do país, durante o 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito. O encontro foi aberto pelo presidente da Urbs, Urbanização de Curitiba S/A, Marcos Isfer. O 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito que acontece na Expo Unimed, irá até esta sexta-feira (2).
O sistema de transporte de Curitiba é um dos pontos de interesse dos participantes do Congresso, o que levou a Urbs a promover três encontros técnicos, um deles dedicado especificamente à Linha Verde, eixo de transporte construído no trecho urbano da antiga BR 116 e que entrou em operação em maio deste ano.

Na abertura, Isfer defendeu a adoção de uma política nacional que priorize o transporte coletivo ao individual nos grandes centros urbanos, e disse que Curitiba tem sido exemplo nesta área em função desta prioridade, da integração entre transporte, trânsito e sistema viário e da busca contínua de novas soluções, como ocorre agora com a Linha Verde e o uso de combustível à base de soja.

Durante toda a manhã, os participantes do encontro conheceram a história do modelo de transporte urbano adotado por Curitiba e região, a partir da primeira metade da década de 1970, com a implantação do Sistema de Ônibus Expresso e, na década de 80, da Rede Integrada de Transporte (RIT), o que resultou na integração físico-tarifária seguida por outras cidades do país.

O modelo curitibano é uma referência nacional e internacional, e a prioridade do transporte coletivo sobre o individual acompanha o modelo urbano há quase 40 anos. Curitiba também inovou ao pagar as empresas de transporte urbano por quilômetro rodado, o que garante o total controle do sistema com regulação operacional.

Uso de combustíveis alternativos em Curitiba é apresentado no Congresso

O uso de combustível sem diesel - composto apenas por soja -, iniciado há um mês em seis dos 14 ônibus articulados que circulam ao longo dos 9,4 quilômetros da Linha Verde, foi um dos temas que mais atraiu a atenção dos participantes do painel Mobilidade Urbana e Meio Ambiente, no espaço Expo Unimed, nesta quarta-feira (30).
A experiência com biocombustível foi apresentada pelo gestor da Área de Vistoria e Cadastro da Urbs, Urbanização de Curitiba S/A, Elcio Luiz Karas. O painel foi parte da programação do 17º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado em Curitiba pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), e foi coordenado pelo presidente da Comissão Técnica de Meio Ambiente da ANTP, também coordenador técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, Alfredo Vicente de Castro Trindade.
"Curitiba experimenta há 15 anos, usos de combustíveis alternativos, aliando qualidade no transporte público e qualidade ambiental de uma cidade que há 30 anos cuida da qualidade de vida de seus habitantes", disse Karas. Nesses 15 anos, disse Karas, as pesquisas evoluíram do biodiesel com álcool hidratado, em um dos ônibus que fazia o percurso da linha turística Volta ao Mundo, ao do diesel, com álcool aditivado com 5%, em ônibus então importados da Suécia e que rodaram nos eixos de transporte durante cerca de três meses.
Mais recentemente, no biênio 1998/1999, o chamado B20, biodiesel com 20% de álcool, foi usado por uma frota de 20 coletivos, e o índice de redução de opacidade (emissão de fumaça) foi de 30%. Um índice ainda maior, de 34%, foi apurado no período de 1999 a 2004, quando do uso de álcool anidro misturado ao óleo diesel.
O óleo de soja foi misturado ao diesel, pela primeira vez, segundo Karas, numa proporção de 5%, em um dos ônibus que atendiam participantes do encontro mundial de biodiversidade em Curitiba, em 2005. Em seguida passou a ser usado em outros 20 ônibus."Mobilidade urbana e meio ambiente têm tudo a ver com uma cidade que há muito se antecipou a outros centros urbanos do país e reduz cada vez mais os índices de poluição de uma frota que, à medida que se renova, usará apenas o B-100, biocombustível limpo sem a presença de qualquer combustível mineral", afirmou Élcio Karas.
Preocupação constante - Karas explicou que a Urbs dispõe de duas unidades móveis que verificam os níveis de opacidade nos ônibus de toda a frota, em todas as empresas. Cada uma dessas unidades tem capacidade de examinar até 20 coletivos por dia, e os resultados gerais são divulgados com periodicidade semestral. A preocupação é constante, e dentro em breve as emissões de poluentes deverão ser ainda menores com a adoção de motores que seguem os preceitos estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
No Brasil, até 2011, os motores passarão da Geração Conama 5, equivalente ao padrão Euro 3, ao Conama 7, igual ao Euro 5 já em uso na Europa. "O Conama 6 ou Euro 4 deixará de ser usado no Brasil, porque a Petrobras não terá tempo hábil de até lá produzir um óleo diesel que satisfaça às exigências técnicas", explicou Karas.
Desde 1º de julho deste ano, de acordo com uma decisão do governo federal, existe a obrigatoriedade de mistura de 4% de um biocombustível ao óleo diesel. Elcio Karas disse que os técnicos de Curitiba nunca deixaram de acreditar no uso de combustíveis renováveis, testando todas as tecnologias existentes desde 1995, em Curitiba e Região Metropolitana.
Linha Verde - Durante sua exposição, Elcio Karas mostrou que a Linha Verde, o sexto eixo de transporte integrado de Curitiba, não é formado apenas pela via que se estende ao longo da antiga BR-476. A Linha Verde é, na verdade, um conjunto formado por um imenso parque linear, quase 10 quilômetros de pistas exclusivas para ônibus, por onde circulam a frota que usa combustível "limpo" - o B100 -, ciclovias com extensão de 6 km, paisagismo e um processo contínuo de reaproveitamento integral de água pluviais - processo que enfatiza a política ambiental urbana. O parque linear tem área total de 21 mil metros quadrados, e conta com 1,6 mil árvores nativas em sua extensão.
Karas fez um pequeno balanço mostrando os primeiros resultados já obtidos na Linha Verde, onde seis ônibus especialmente projetados para uso específico de biocombustível provaram que a solução "limpa" é uma boa idéia. Nos primeiros 30 dias, a redução total de opacidade já chegou a 25%. Houve ainda redução de nove por cento de óxido de nitrogênio (Nox) e de 30% de óxido de carbono (CO).
Elcio Karas explicou aos participantes do painel que, além da questão ambiental, a Linha Verde reduziu o tempo de viagem entre o bairro Pinheirinho e o centro em 17%, em relação ao tempo de deslocamento pelo Eixo Sul, que também faz a ligação entre o bairro e o centro. Ele explicou que a Linha Verde, também com partidas daquele terminal, desafogou o trânsito de ônibus do eixo Pinheirinho, oferecendo ao passageiro uma alternativa mais rápida, com tempo de viagem de apenas 28 minutos até a praça Carlos Gomes.
Cristina Baddini Lucas