quarta-feira, 3 de março de 2010

Acidente de trânsito é maior causa de morte de jovens, diz OMS


NOVA YORK - Acidentes rodoviários são a principal causa de morte de pessoas entre 5 e 29 anos, afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS) em estudo divulgado nesta quarta-feira, 2. De acordo com a agência ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), quase metade dos mortos em acidentes rodoviários no mundo são pedestres, ciclistas e motociclistas.

Por ano, 1,2 milhão de pessoas morrem no trânsito, segundo a OMS. Mais de 90% das mortes ocorrem nas nações em desenvolvimento. Nos países mais pobres, 80% das mortes no trânsito são de "usuários vulneráveis", ou pessoas que não estão nos carros.

Ainda segundo a OMS, o número de pessoas feridas no trânsito se aproxima de 50 milhões. O relatório se baseia em dados de 2008.


A divulgação do estudo, descrito pelos funcionários da OMS como a primeira análise ampla de segurança no trânsito em 178 nações, coincidiu como uma Assembleia Geral da ONU que declarou que os próximos dez anos serão de ações do órgão para o assunto.



"Não serão apenas palavras no papel para uma boa e burocrática resolução da ONU. Nós temos um plano de ação, sabemos o que precisa ser feito, e temos a intenção de colaborar com muitas outras agências", disse Etienne Krug, do departamento para redução de ferimentos e violência da OMS em Genebra.



O objetivo, segundo os oficiais do órgão, é diminuir o índice de mortes na década em 50%, o que deve salvar 5 milhões de vidas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Resultados de um acidente com velocidade

A probabilidade de que uma colisão resulte em:

- uma lesão é proporcional ao valor da velocidade ao quadrado;
- uma lesão grave é proporcional a velocidade ao cubo;
- morte é proporcional a velocidade elevada a quarta potência.

Fonte: Revista Seguridad Vial nº 90

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fila dupla

De um tempo para cá, sempre que retorna o período letivo, os jornais apresentam a mesma e repetida pauta: fila dupla de automóveis diante das escolas atormentando o trânsito.
E, todo ano, insistem em constatar a febre sem atacar a verdadeira doença: nossa grave e epidêmica insegurança pública. Ou alguém imagina que os pais adoram burlar as leis de trânsito? Impor a todos (inclusive a si próprios) um desperdício tolo de vida ao buscarem as crianças no meio de um engarrafamento infernal?
Ora, quando, ou melhor, se agem assim, são movidos exclusivamente pelo medo. Medo de estacionar afastado; medo de os filhos andarem sozinhos pela rua; medo de se perderem da vista dos seguranças particulares que estão nos portões do colégio.
Esses mesmos pais, hoje atravancando o trânsito, estudaram mais ou menos junto comigo, isto é, nos anos 70 e 80 do século passado. Pouco tempo para mudanças tão incisivas - e tristes - no país.
Afinal, uma das mais alegres lembranças que tenho do período é a verdadeira massa estudantil deixando o perímetro do Colégio Anchieta a pé. Lindo de ver! Um contingente tão numeroso quanto uma saída de estádio de futebol em dia de clássico, formado quase exclusivamente por jovens e crianças a caminho de casa.
Cena que, imagino, repetia-se diante do Farroupilha, Rosário, São João, Pastor Dohms e todas as escolas de classe média alta. Alguns estudantes pegavam ônibus. Outros, como eu, caminhavam duas dezenas de minutos até o destino. Os pais, tranquilos, esperavam nossa chegada.
Desafio qualquer um a procurar, nos dias correntes, crianças ou pré-adolescentes às centenas cruzando a pé os portões das escolas particulares de Porto Alegre. Será que se tornaram deficientes físicos?
Não sabem para que lado rumar? Nada: perderam, sim, a confiança no espaço público. Por coincidência, surgiram grades e cercas elétricas na frente da totalidade das casas e prédios. Nas ruas, automóveis de vidros escuros e cerrados. Câmeras e seguranças armados pelas fachadas.
Uma operação de guerra a cada embarque ou desembarque. Enquanto isso, notícias de bondes matando ou machucando os estudantes de escolas estaduais ou municipais - estes sim, condenados a persistir em uma rotina outrora tão corriqueira, tão ecologicamente correta, tão democrática (essa palavra...). Melhor: tão saudável!
A cidade precisa voltar a ser de todos. Reconquistar a segurança e também a indispensável sensação de segurança. Quem sabe seja esta a chave para o fim de tantos tormentos, dentre eles os engarrafamentos diante das escolas.
Quantos estudantes não moram a uma distância razoável de sua escola? Não quero justificar ninguém: parar em fila dupla é, claro, uma infração. Mas condenar cidadãos ao medo, impedindo-os de ocupar as calçadas em paz, deveria ser considerado crime.

Rubem Penz,
Pai, escritor e músico