sábado, 19 de novembro de 2011

SP: desrespeito ao pedestre dará multa no Grande ABC

Band
As sete prefeituras do ABC, município da Grande São Paulo, começam no dia 21 do próximo mês campanha de proteção máxima ao pedestre. Serão 90 dias de ações focadas no reforço da educação no trânsito para que em março os agentes comecem a multar motoristas que não respeitam a faixa de pedestres.

A campanha foi elaborada pelo GT (Grupo de Trabalho) de Mobilidade Urbana do Consórcio Intermunicipal. Foram utilizados exemplos de cidades que já adotaram o programa, como São Paulo e Brasília. De acordo com a coordenadora do grupo e especialista em planejamento de transporte em São Bernardo, Andrea Brisida, não serão contratados novos fiscais.

“O desrespeito ao pedestre já é infração de trânsito. Com a campanha, os agentes das prefeituras ficarão focados nas vias em que há mais atropelamentos”, disse.

Cruzamentos mais perigosos receberão reforço na sinalização e placas educativas sobre a infração. A coordenadora afirma que haverá alteração também na travessia de algumas vias.

“As prefeituras estão finalizando diagnósticos sobre locais onde é arriscado manter passagem para pedestre. Em São Bernardo, há previsão de modificações na região do paço.” São Caetano lançou em maio campanha de proteção ao pedestre, focada na avenida Goiás. As placas de atenção, porém, foram retiradas alguns meses depois.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Região inicia campanha para proteger pedestres



Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC

A partir do mês que vem, a região iniciará campanha para preservar a integridade dos pedestres. O projeto Travessia Segura será lançado pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC no dia 21 de dezembro e tem o objetivo de reduzir o número de atropelamentos. A previsão é de que, após três meses de adaptação, sejam iniciadas as autuações a motoristas que desrespeitarem as faixas de segurança. Quem parar sobre a faixa ou não der prioridade ao pedestre no local apropriado para a travessia receberá multa entre R$ 85,13 e R$ 191,53.

A campanha será feita de modo semelhante ao Programa de Proteção ao Pedestre, lançado em maio na Capital pela Companhia de Engenharia de Tráfego. A primeira ação do tipo foi criada em 1997, em Brasília, após forte mobilização popular.

A coordenadora do Grupo de Trabalho de Mobilidade do Consórcio, Andrea Brisida, informa que, mesmo antes do lançamento oficial, o projeto está sendo executado pela entidade. "O planejamento começou a ser feito em agosto. Estamos desenvolvendo trabalho de preparação, além das campanhas publicitárias e de conscientização." Os gastos com adaptação de semáforos e mudanças em faixas e calçadas ficarão por conta de cada prefeitura, enquanto o Consórcio bancará os materiais educativos. O gasto com publicidade ainda não foi definido.

Outra ação que está em curso é a preparação de motoristas das frotas públicas dos municípios. "É importante que todas as equipes técnicas das prefeituras estejam sensibilizadas e treinadas para isso. Seria uma tragédia muito maior se um motorista da frota pública se envolvesse em atropelamento. Esses profissionais têm de dar exemplo", acrescenta a coordenadora.

Para facilitar a elaboração de metas, o Consórcio pediu ao comando da Polícia Militar na região a elaboração de tabela com as estatísticas de evolução nas ocorrências de atropelamentos nos sete municípios. A corporação informou que os dados estão sendo levantados e deverão ser apresentados à entidade nesta semana. "Uma das coisas que nos levaram a ter mais empenho nesse projeto é o fato de que estamos na década mundial de redução de acidentes, cuja meta internacional é reduzir em 50% esse número. Nosso objetivo é seguir esse patamar também aqui na região", salienta Andrea.

Na avaliação da coordenadora, a campanha realizada na Capital apresenta resultados positivos também no Grande ABC. "Já começamos a perceber mudança no comportamento dos motoristas, principalmente os que estão acostumados a andar em São Paulo."

PREVARICAÇÃO - A coordenadora do Grupo de Transportes avalia que o projeto Travessia Segura nada mais é do que colocar em prática o cumprimento da lei. "Em tese estamos prevaricando quando não multamos o desrespeito ao pedestre, pois isso está previsto no Código de Trânsito Brasileiro."


Motoristas da região ainda ignoram a faixa de pedestres

Atravessar a rua em locais sem semáforos na região exige paciência e atenção. A equipe do Diário percorreu diversas avenidas do Grande ABC e constatou que ainda é baixo o número de motoristas que param para os pedestres atravessarem. O descaso faz com que muitos transeuntes ignorem os pontos seguros e cruzem as vias em locais inadequados.

A reportagem verificou que a maior parte dos condutores que respeitam os transeuntes está em São Caetano. O município criou em maio o programa Faixa Segura, que também tem o objetivo de estimular a harmonia entre carros e pedestres. Na Rua Serafim Constantino, em frente ao terminal rodoviário, é comum observar veículos parados aguardando a travessia. "Aqui o pessoal está respeitando, mas é porque geralmente ficam guardas por aqui. Em outras ruas, a gente volta a ser ignorada", pondera a aposentada Diva Lucianelli, 68 anos.

Na Avenida Presidente Kennedy, no bairro Olímpico, a faixa foi ignorada. Até quem deveria dar o exemplo cometeu infração. Caso de um carro de auto-escola, que, enquanto um grupo aguardava para atravessar, passou pelo ponto demarcado como se nada estivesse acontecendo.

"Para grande parte dos motoristas, a faixa é apenas um desenho. Geralmente, quando não há semáforo, tenho que correr para chegar do outro lado", critica a consultora de imóveis Maira Grecchi, 40.

Mesmo ignorando as faixas, motoristas elogiam o projeto Travessia Segura, mas fazem ressalvas quanto à praticidade do programa. "Acho que é muito positivo, mas para que dê certo, todos têm de estar conscientes. Se eu parar na faixa e o motorista de trás não fizer a parte dele, vou ser atingido", pondera o aposentado Vagner Blanco Dias, 54. Morador de São Caetano, ele conta que, durante a semana, quase presenciou acidente por conta da falta de sincronia entre os condutores.

"Um caminhão estava na faixa da esquerda e deu passagem para um senhor atravessar. O problema é que, pela esquerda, vinha um carro que só parou porque o caminhoneiro fez sinal. Quase houve atropelamento."

A dona de casa Lindamar Medeiros, 46, acrescenta que a lei deve ser seguida também por quem está a pé. "Não adianta o pedestre achar que é dono da rua e atravessar em qualquer lugar, ou fazer a travessia em local semaforizado quando o farol está vermelho para ele." Na opinião dela, a conscientização só vai ter efeito prático quando iniciarem a aplicação de multas. "Não tem condição. O brasileiro só aprende quando sente no bolso mesmo."

Na Capital, número de mortes caiu 14%

Criado em maio na Capital, o Programa de Proteção ao Pedestre já diminuiu em 30% o número de mortes por atropelamentos no município, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego. De 1º de janeiro a 31 de julho, foram 14 vítimas fatais, ante 20 no mesmo período do ano anterior. O número de atropelamentos sem morte teve queda de 19,3% neste ano, passando de 316 para 255.

Desde o início das autuações, em agosto, até o fim de outubro, 57.068 veículos foram multados por deixar de dar preferência ao pedestre, não usar seta ou indicar conversão com o braço, parar sobre a faixa ou avançar no semáforo vermelho.

Em São Bernardo, mesmo sem a criação de nenhuma campanha, o número de atropelamentos teve pequena queda entre janeiro e agosto deste ano na comparação com 2010. O número caiu de 395 para 356, redução de 9,9%. No município, o número de autuações por desrespeito à faixa subiu de 101 para 125. Em Santo André, as ocorrências tiveram alta de 15%, subindo de 299 para 342.

Em São Caetano, os atropelamentos caíram de 137 em 2009 para 98 em 2010, queda de 28,5%. Até agosto deste ano, 53 pessoas foram atropeladas no município. As demais prefeituras não divulgaram os dados.


Para especialistas, é preciso conscientizar

Para o sucesso do projeto Travessia Segura, especialistas ouvidos pelo Diário ressaltam a necessidade da conscientização da população e de adaptação da estrutura viária das cidades da região. Entre as medidas sugeridas estão a revisão nos tempos de semáforos, reforma de calçadas e melhorias na sinalização das faixas.

Para a professora de Engenharia Urbana da Universidade Federal do ABC Silvana Zioni, as ruas representam "ambiente inóspito" para quem anda a pé. "Via de regra, o tempo do semáforo para o pedestre é insuficiente e as pessoas acabam ficando no meio da rua. Sem falar que, em muitos locais, nem há farol exclusivo", aponta.

A professora ressalta também a necessidade da conservação dos passeios. "É necessário investir em infraestrutura, de forma a estimular a pessoa a deixar o carro em casa e sair a pé." Ela acrescenta a necessidade da melhoria no destacamento da faixa. "Muitas vezes, está tão apagada que nem o motorista nem o pedestre conseguem enxergar."

EDUCAÇÃO - O arquiteto e urbanista Nazareno Affonso alerta para a importância da conscientização na primeira fase da campanha. Affonso faz parte da Associação Nacional dos Transportes Públicos e foi secretário de Transportes em Santo André entre 1989 e 1992, na gestão do ex-prefeito Celso Daniel (PT). O urbanista. que ajudou a criar a campanha pioneira no País, em 1997, também auxilia os planejamentos do projeto na região.

"O primeiro passo é formar o motorista cidadão, depois partir para a pressão. O próximo passo é conscientizar os pedestres." Para o urbanista, a má preparação pode expor pedestres a riscos. "A pessoa vai achar que pode atravessar em qualquer ocasião, o que não é recomendado."


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Política de Educação no Trânsito

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira (16) um projeto de lei para tentar evitar o desvio de recursos arrecadados com multas de trânsito.

A proposta, que é do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi aprovada em caráter terminativo. Neste caso, fica dispensado o exame do texto em plenário e ele pode ser enviado diretamente à Câmara dos Deputados. O projeto determina que o dinheiro obtido com o pagamento de multas será empregado exclusivamente em educação para o trânsito ou, na única exceção prevista, será usado para cobrir despesas com sinalização das vias.O texto especifica que as receitas devem financiar campanhas sobre direção defensiva, cultura da paz e combate à violência no trânsito, além de mensagens contra o consumo de álcool e drogas pelos motoristas.

O texto especifica que as receitas devem financiar campanhas sobre direção defensiva, cultura da paz e combate à violência no trânsito, além de mensagens contra o consumo de álcool e drogas pelos motoristas.
O uso de dinheiro na sinalização foi acrescentado por meio de uma emenda apresentada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).O relator do texto, Demóstenes Torres (DEM-GO) recordou que o país é “campeão absoluto em acidentes, mortes e invalidez no trânsito”. Em sua justificativa para a proposta, Eunício Oliveira, que preside a CCJ, disse que as receitas das multas têm sido usadas para reforçar o caixa dos governos ou para pagar o salário de servidores.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Novas restrições aos caminhões

AE
O Consórcio Intermunicipal do ABC, formado pelas sete prefeituras da região, e a capital ampliaram a proibição à circulação de caminhões nos principais eixos de ligação, para forçar os caminhoneiros a utilizar o Rodoanel Mario Covas, o que obriga as empresas de transporte a transferir as atividades de carga e descarga para a madrugada. No ABC, onde as vias internas das cidades se transformaram em rotas de fuga para os motoristas dispostos a driblar o pedágio do Trecho Sul do Rodoanel, caminhões estarão proibidos de circular por 23 vias, num total de quase 40 quilômetros.
Na cidade de São Paulo, onde há um ano já é proibido o tráfego pesado na Avenida Bandeirantes, na Marginal do Pinheiros e no centro expandido durante os horários de pico, as autoridades decidiram impedir a circulação de carretas entre 4 e 10 horas e entre 16 e 22 horas. Isso passará a valer também, a partir de 11 de dezembro, para a Marginal do Tietê e os principais corredores da zona norte e da zona leste, que poderiam servir de rotas alternativas aos caminhoneiros.
Os benefícios da medida não devem durar muito, e mesmo isso depende de fiscalização rigorosa e constante, porque a tendência é de busca por novas rotas alternativas pelo tráfego pesado, o que leva para bairros relativamente preservados o aumento dos congestionamentos, dos acidentes de trânsito e da poluição ambiental. Solução verdadeira virá quando as prefeituras da região metropolitana de São Paulo e o governo estadual conseguirem executar os projetos de transporte público - ampliação do metrô e das linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) - e de carga, capazes de, efetivamente, reduzir o trânsito de todo tipo de veículos.
Nos últimos dez anos, a frota da região do ABC cresceu 75%, enquanto o aumento da população beirou os 8%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegando a 1.413.085 veículos. Destes, 71.951 são caminhões e carretas. Em março, a cidade de São Paulo ultrapassou a marca dos 7 milhões de veículos. O mais impressionante foi a rapidez com que nos últimos três anos a cidade incorporou 1 milhão de veículos à sua frota. O milhão anterior, quando a frota passou de 5 para 6 milhões, foi alcançado ao longo de 8 anos.
Diariamente, o ABC é destino de um imenso comboio de carretas que abastecem as indústrias e o comércio locais ou fazem a ligação da região com o Porto de Santos. Em São Paulo, só pelas dez vias em que o tráfego pesado será restrito circulam diariamente 158 mil veículos pesados.
Segundo especialistas em transporte, a proibição da circulação de caminhões nos horários de pico tem seu efeito reduzido por causa da grande quantidade de veículos de passeio na região. Para eles, a conclusão do Rodoanel, a construção do Ferroanel e a ampliação da malha do metrô e dos corredores exclusivos de ônibus é o que efetivamente aliviará o trânsito na região.
Os fatos comprovam essa avaliação pouco otimista dos especialistas. Em São Paulo, a primeira etapa da restrição à circulação dos caminhões melhorou o trânsito apenas durante um curto período. Para aliviar os congestionamentos na capital, os governos estadual e municipal conjugaram iniciativas como a instituição da zona de máxima restrição ao tráfego pesado, o rodízio da circulação de caminhões e obras de melhorias viárias, como a ampliação da Marginal do Tietê e a construção do Trecho Sul do Rodoanel.
Com tudo isso, os congestionamentos diminuíram 32%, de acordo com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de abril de 2010. Mas esse alívio durou pouco. Conforme dados de setembro, o índice de engarrafamentos às 19 horas foi 10% superior ao mesmo mês do ano passado, atingindo 129,7 quilômetros de filas no horário - 11,8 quilômetros a mais do que um ano antes.
Nada disso diminui a importância daquelas medidas e daquelas obras. Sem elas, a situação estaria certamente muito pior. Afinal, se todo o comboio pesado, que já superlota e paralisa os dois trechos em operação do Rodoanel, estivesse nas vias internas da capital, o caos seria total.