quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Obras de ampliação na Marginal Tietê contribuem para alagamentos, diz promotora

SÃO PAULO - A promotora Maria Amélia Nardy Pereira, do Ministério Público Estadual, diz que estudos anexados ao inquérito que investiga as obras de ampliação da Marginal do Tietê indicam que o aumento da impermeabilização do solo no local poderiam contribuir para alagamentos, como os registrados nesta terça-feira.
- Parecer da Associação dos Geógrafos do Brasil mostra os risco da impermeabilização (para o transbordamento do rio) - disse Maria Amélia, da Promotoria de Habitação e Urbanismo.
Em nota, a Dersa, responsável pelas obras na Marginal Tietê, nega que as obras tenham relação com a enchente registrada nesta terça. Segundo a empresa, a ampliação vai ampliar a impermeabilização da marginal em apenas 0,006%.
Leia também: Transbordamento desta terça foi o terceiro depois de obra bilionária
Depois do transbordamento do rio em setembro, quando já haviam sido iniciadas as intervenções para ampliação da marginal, ela tentou parar a obra por meio de uma liminar, que foi negada pela Justiça. A promotora diz ainda que a obra que deve dar novas faixas para os carros na Marginal Tietê não tem plano de emergência.
Um outro ponto levantado no inquérito do Ministério Público também pode ter contribuído para as inundações.
- Depois da conclusão do rebaixamento da calha do rio Tietê, não foi feito mais trabalho de manutenção. As dragas não estão no rio - afirmou Maria Amélia.
O urbanista, professor da Universidade de São Paulo e ex-vereador (PT) Nabil Bonbuki afirma que apenas a obra de ampliação da Marginal Tietê, que está suprimindo áreas verdes da via, não é responsável pelo transbordamento do Rio Tietê após a chuva ininterrupta de 14 horas em São Paulo. Mas, para ele, a manutenção de áreas verdes na marginal poderia pelo menos minimizar o problema.
- Não podemos dizer que se não houvesse a obra o transbordamento não teria acontecido. Mas é claro que impermeabilizar ainda mais a Marginal Tietê agrava o problema. Estamos insistindo num erro do passado: a várzea do Tietê não deveria ter sido ocupada, porque a água da chuva escorre para esse vale. E agora, com a justificativa de melhorar o trânsito, impermeabilizamos ainda mais essa várzea - diz o urbanista.
Segundo Bonduki, mesmo quando a obra ficar pronta e a marginal ganhra mais de 20 km de pistas, em dias de enchente o impacto para melhorar o trânsito será nulo.
- Quando o rio transborda, tanto faz ter dez ou vinte pistas na marginal. Todas ficarão inundadas e o trânsito fica travado. Por isso, o impacto da obra para melhorar o trânsito em dias de chuva, por exemplo, sera zero - diz o urbanista.
O Globo
Cristina Baddini Lucas

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Rodízio pode ajudar a melhorar trânsito no Grande ABC


Os congestionamentos enfrentados pelos motoristas do Grande ABC todos os dias estão longe de acabar. Especialistas em engenharia de tráfego e urbanismo ouvidos pelo Diário acreditam que a região deveria aderir ao rodízio de veículos e investir em soluções baratas que envolvam o transporte coletivo, como a construção de corredores de ônibus.
Aplicadas na Capital paulista na última década, as alternativas surtiram efeito, mas não foram capazes de resolver completamente o problema do trânsito. Restringir a circulação de carros tem sido um assunto evitado pelos políticos da região. Não há, atualmente, discussão sobre o rodízio no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.
"A solução para o trânsito envolve medidas amargas. Atitudes que, muitas vezes, são impopulares", afirma o professor Ricardo de Sousa Moretti, do Centro de Engenharia e Ciências Sociais da UFABC (Universidade Federal do ABC). "Qualquer solução passa por tirar os carros das ruas. A pergunta é: de quem tirar? É aí que entram as restrições", conclui.
Outras atitudes impopulares apontadas por Moretti são o pedágio urbano, a proibição de estacionamento em áreas centrais e a cobrança de impostos mais altos para os combustíveis. "Se houvesse menos carros na rua, o transporte público andaria mais rápido, ofereceria mais conforto e seria mais barato", avalia o professor.
Um estudo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) mostra que, embora transportem 80% dos passageiros, os ônibus ocupam apenas 20% dos espaços nos corredores urbanos. "À medida que o governo restringe a circulação dos carros com o rodízio, por exemplo, deve oferecer alternativas. Corredores de ônibus são rápidos e baratos de se fazer", afirma Marcos Bicalho, diretor-superintendente da NTU.
Na análise do professor Douglas Filenga, pesquisador de Gestão de Cidades da Universidade Metodista, o tema é ainda mais amplo. "Essas opções são paliativas. Devemos desenvolver sistemas que ofereçam variados tipos de transporte, entre eles o de bicicletas, de cadeira de rodas e a pé. Tudo isso submetido à questão ecológica. Temos que pensar a cidade em termos de sistemas interligados", afirma Filenga.
Congestionamento fez publicitário largar aulas de música
O trânsito foi o culpado por fazer o publicitário Thiago Sabino, 23 anos, abandonar as aulas de música. Morando em São Caetano e trabalhando na Capital, o jovem nunca conseguia chegar a tempo no estúdio onde tinha aulas, em Diadema.
"Tinha dia que levava mais de duas horas para sair do meu trabalho e ir para a escola. Comecei a chegar mais de uma hora atrasado e não teve como continuar", afirma o publicitário.
A última Pesquisa Origem - Destino, do Metrô de São Paulo, mostra que o morador do Grande ABC perde, todos os dias, 58 minutos andando de carro e uma hora e 48 minutos no ônibus.

Tiago Dantas

Do Diário do Grande ABC

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Posso “enganar” o bafômetro ao beber cerveja ou vinho com água?

Mito. A utilização de bebidas alcoólicas como a cerveja e o vinho com água, não diminui o nível de álcool no sangue. A concentração de álcool presente em um copo de cerveja ou em um cálice de vinho sempre será acusada em um teste do bafômetro. Importante destacar que a constatação de álcool no sangue varia de acordo com cada pessoa, suas características físicas (altura e peso), o tempo da ingestão da bebida, até o sexo apresenta um fator diferencial. Pesquisas e testes realizados no mundo todo têm demonstrado que pessoas mais leves e que possuam menos água no organismo permitem que o álcool no sangue fique mais concentrado. Já com relação aos destilados, apenas uma dose de qualquer tipo é o suficiente para ser acusado no bafômetro.

A origem: A nova Lei 11.705/2008, que altera o Código de Trânsito Brasileiro, ainda gera dúvidas para muitos motoristas. No Brasil, pela nova redação do artigo 165, o motorista embriagado, ou seja, dirigindo sob a influência de álcool, será submetido a uma multa de R$ 957,70, suspensão do direito de dirigir por 12 meses, retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação. O motorista poderá ser detido quando for flagrado dirigindo com concentração de álcool igual ou superior a 6 decigramas por litro de sangue ou 3 décimos de miligrama por litro de ar expelido, segundo a nova redação do artigo 306. Na recusa do condutor em fazer o exame do bafômetro e não havendo acidente, não há como comprovar o índice superior a 0,3 mg de álcool por litro de ar expelido, suficiente para levar o infrator à prisão. Só são obrigados a fazer o teste de alcoolemia no Instituto Médico-Legal motoristas que se envolveram em acidentes. Importante ressaltar que a própria lei trouxe a previsão de margens de tolerância visando garantir que condutores incluídos em casos especiais não sejam prejudicados, além de considerar também uma possível margem de erro do equipamento. De acordo com o Decreto n° 6.488/08, o qual disciplina a margem de tolerância de álcool no sangue e a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeitos de crime de trânsito, caberá ao Conselho Nacional de Trânsito - Contran, nos termos de proposta formulada pelo Ministro de Estado da Saúde, a definição das margens de tolerância de álcool no sangue para casos específicos. Enquanto não editado o ato pelo Contran, a margem de tolerância será de dois decigramas por litro de sangue para todos os casos.
Cristina Baddini Lucas