quinta-feira, 25 de março de 2010

Comportamento de adolescentes de 15 a 17 anos em relação ao trânsito é preocupante



Uma pesquisa realizada pelo Departamento Nacional do Trânsito (Denatran) com 868 alunos do Ensino Médio de escolas públicas e particulares em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Recife e Porto Alegre alerta para o comportamento dispersivo do jovem em relação ao trânsito. Quando questionados sobre o comportamento dos amigos, os jovens pesquisados afirmaram que apenas 6,4% deles sempre usam o cinto de segurança.

Dos jovens pesquisados, 65,5% são carona de um veículo conduzido por seus amigos ou pais. A pesquisa concluiu que essa condição não está associada a uma atitude de segurança efetiva. Apenas dois em cada dez jovens (21,6%) afirmaram utilizar o cinto de segurança na condição de passageiros no banco traseiro.

Quando o tema é álcool e direção, os dados impressionam: mesmo que 84,9% dos jovens afirmem conhecer a lei seca e 88,5% defendam a proibição de beber antes de dirigir, 55% deles revelaram que retornam para casa de carona no carro do amigo que ingeriu bebida alcoólica. O comportamento é diferente entre meninos e meninas. Entre as garotas, mais da metade (50,7%) afirmou voltar da "balada" com um amigo que não bebeu.

Já entre os meninos a vulnerabilidade é ainda mais acentuada, 61,2% deles admitiram ser carona de veículo conduzido por um amigo que bebeu antes de dirigir.

A partir deste trabalho foi possível perceber três importantes aspectos que podem servir para os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito fundamentarem suas ações junto ao público jovem. O primeiro está relacionado à questão de gênero. Meninos e meninas agem diferentemente quando o assunto é trânsito. Outro aspecto é o papel da família, como exemplo para a prática de atitudes seguras. Além disso, a pesquisa constatou que o jovem é informado, porém, demonstra incapacidade de agir de forma segura e de intervir em seu grupo social no caso de uma situação com a qual não concorde.

No que se refere às campanhas públicas de segurança no trânsito, seis em cada dez jovens não se lembraram de campanhas recentes. Quando questionados sobre mudança de comportamento a partir de uma campanha, 53,3% afirmaram que não mudaram nenhuma atitude devido a iniciativas do tipo. Quando os dados são analisados por gênero, percebe-se que as meninas são mais sensíveis às campanhas. Entre elas, 52,2% admitiram já ter adotado uma nova atitude, diferentemente dos meninos - 60,4% responderam negativamente.

terça-feira, 23 de março de 2010

Bafômetro ainda é pouco usado

Rafael Moraes Moura - O Estadao de S.Paulo

BRASÍLIA
Pesquisa do governo federal em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta que o bafômetro é pouco utilizado no País. Em um dos estudos foram levantados números que demonstram a carência de fiscalização: dos motoristas de carro submetidos ao bafômetro por policiais rodoviários, apenas 9,2% disseram que já tinham passado pelo aparelho. Entre os motoqueiros, o número foi ainda menor: 8,3%.

As porcentagens aumentaram quando os entrevistados eram motoristas profissionais: 20% para caminhões e 20,9% para ônibus. Os condutores foram abordados em rodovias das 27 capitais brasileiras, sempre às sextas e aos sábados, das 12h às 24h. Ao conversarem com um policial, eram convidados a participar do estudo com membros da UFRGS ? a adesão foi de 97,4%.

"Quanto mais bafômetro é feito, menos impacto do álcool no trânsito. Em alguns países a média com que um motorista vai passar pelo teste ao longo de um ano é de 14 vezes, enquanto no nosso País isso ainda não é frequente", analisa o psiquiatra Flávio Pechansky, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trânsito e Álcool da UFRGS. "É preciso que as ações de repressão a álcool e drogas no trânsito sejam constantes e não apenas relacionadas a eventos. Quando isso se transformar numa atividade regular, provavelmente os números de acidentes de trânsito vão baixar."

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 35 mil pessoas morreram em 2004 em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil. As vítimas mais frequentes são jovens do sexo masculino.

Transtornos. Em outro estudo, os pesquisadores analisaram o efeito do álcool e outras substâncias psicoativas, tendo como referência os casos de transtornos psiquiátricos. Entre os motoristas que bebem, 24,5% declararam sofrer dependência e abuso de substâncias, contra 2,7% entre os que não bebem. Quando se trata de depressão, as diferenças continuam: 22,8% e 5,7%, respectivamente.

"Não sabemos se o álcool é causa ou consequência disso, mas motorista com problemas de bebida que dirige e sofre transtornos psiquiátricos soma riscos", diz Pechansky.

Os pesquisadores também fizeram estudos específicos em Porto Alegre. Os custos de saúde envolvidos em acidentes de trânsito na cidade chegam a R$ 66,4 milhões, dos quais 47,3% seriam atribuídos ao abuso de álcool. "O motorista brasileiro ainda tem com o álcool uma relação mais livre do que deveria", conclui o psiquiatra.