sexta-feira, 8 de março de 2013

Ciclistas pedem passagem



Apesar da eficiência no modal, os ciclistas ainda preferem a bicicleta pois é mais econômica / Foto: Pedro Diogo
São pouco mais de 32 km de ciclovias (via permanente e exclusiva para usuários de bicicleta) e ciclofaixas (faixa de rua pintada para ciclistas) 824 km² que compõem o ABC, proporção que deixa a desejar na avaliação de ciclistas e especialistas. Além das poucas opções de espaço para pedalar, os usuários de bicicletas reclamam da falta de interligação entre as ciclofaixas e do desrespeito de motoristas de carros, caminhões e ônibus nas vias comuns. Apesar da deficiência no modal, os ciclistas ainda preferem a bicicleta por questões econômica e saúde.
Para o professor do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Creso de Franco Peixoto, a ciclovia passa a ser efetiva na questão do trânsito quando serve ao trabalhador. "Deve haver ligação entre locais próximos à moradia e pontos de transporte público eficazes", afirma. Para tornar o sistema viável, também deve haver bicicletários nestes pontos.
Em Mauá, o encarregado de ferragem Acassio de Almeida adota a magrela como meio de transporte no dia a dia. "Uso bicicleta para tudo, principalmente para trabalhar", conta Acássio, que leva 45 minutos até o trabalho em Santo André. Acassio não reclama do tempo de deslocamento ou de sair de casa mais cedo para conseguir passar ducha no corpo. A crítica é sobre a falta de ligação para ciclistas entre os dois municípios. "Não há ligação entre a ciclovia de Mauá e a de Santo André. Neste espaço sem ciclovia, há muito desrespeito do motorista e não dá para competir", afirma.
Já Carlito Fernando de Sá diz que não se atreve a pedalar na avenida Castelo Branco. "Procuro sempre ir pela ciclovia, com calma. Se não tem ciclovia, prefiro usar a calçada, porque na avenida os motoristas não respeitam", reclama o morador de Mauá, que usa bicicleta há 15 anos.
Segundo Silvana Zioni, professora de Engenharia Ambiental e Urbana, Planejamento Territorial e Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC, a organização do espaço viário privilegia o automóvel. "Ninguém discute sobre os malefícios do transporte individual motorizado e os benefícios do transporte coletivo ou não motorizado. É uma forma de acomodação", critica.
Errado
Silvana entende a construção de ciclovias como etapa para o ciclista ganhar espaço, mas não como a solução para o problema de mobilidade. "A imposição de faixas é quase uma manifestação política de que aquele espaço está reservado. Estamos tentando administrar vias públicas - que são da sociedade - nos apropriando individualmente. Se for ver a ciclovia também é uma apropriação", analisa a professora. Para a especialista, o ideal é que a bicicleta ganhe espaço nas vias, que haja convivência e até equilíbrio a favor dos transportes coletivos e não motorizados.
Para o professor Creso, a possibilidade é ideal, mas ainda está longe de ser realidade. "Acredito na ciclovia para hoje, na ciclofaixa para amanhã e na convivência entre os veículos para um futuro". O engenheiro é resistente à implantação da ciclofaixa atualmente por questões de segurança e desrespeito frequente às leis de trânsito.
Preço elevado da tarifa estimula novos adeptos
Outra reclamação latente é sobre a tarifa de ônibus. "Eu não tenho condição de pagar R$ 6,60 [preço de duas passagens] para ir e voltar do centro, trajeto que levo 20 minutos de bicicleta", afirma Carlito.
Anderson de Melo Barros adotou bicicleta para ir ao trabalho há dois anos, desde quando começou a trabalhar de garçom no Mauá Plaza Shopping. "Pagar R$ 3,30 diariamente por 10 minutos até o Centro é inviável e hoje gasto apenas R$ 5 por mês com estacionamento", conta Anderson, que gasta 15 minutos de pedaladas entre sua casa e o trabalho.
Patrick Souza adotou a bicicleta por causa da saúde há três anos. "Tenho hipertensão e quando passei a ir de bicicleta para o trabalho, diminui consideravelmente a quantidade de medicamentos", afirma o manobrista também de Mauá.
Ampliação de vias ainda está no papel
Ainda em fase de projeto, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC segue com três frentes na formulação do Plano Cicloviário Regional: ciclofaixa de lazer, ciclovias e bicicletas de aluguel, como complemento ao transporte público.
"A ideia da bicicleta de aluguel é que, nos deslocamentos rápidos, o usuário possa pegar a bicicleta numa das estações e devolver em outra, sem custo, e complementar a viagem com trem, metrô, ou mesmo ônibus", explica Andrea Brisida, integrante do Grupo de Trabalho Mobilidade do Consórcio.
Na opinião do professor Creso, o aluguel das bicicletas deveria exigir um valor simbólico do usuário. "Assim como para os bicicletários, deve haver um custo baixo para a população valorizar o serviço", analisa.
Santo André pretende implantar ao todo 13,66 km de ciclovias, sendo que 5 km seriam só na avenida Lauro Gomes. As outras rotas passariam pelas avenidas marginal ao Córrego Taioca e Firestone, além da Estrada do Pedroso no trecho do parque e a via projetada paralela à linha férrea, entre a rua Itambé e a avenida Presidente Roosevelt.
Já em São Bernardo se encontra em estudo a implantação de ciclofaixa de lazer aos domingos, num total de 4 km, entre as avenidas Aldino Pinotti e Lauro Gomes até a rua Sérgio Vieira de Melo. Outro projeto é a instalação de ciclofaixa de lazer na avenida Kennedy.
Jornal Repórter Diário (Colaborou Nathália Blanco) 

A equipe econômica do Governo Federal iniciou os estudos para desonerar o diesel dos ônibus urbanos

O objetivo é reduzir ou mesmo isentar a incidência do PIS/Cofins, dependendo da margem de arrecadação para isso que o Governo tem para este ano. O Governo já decidiu isentar do tributo o etanol e produtos da cesta básica, mas a medida só deve passar a valer até o final deste semestre.

Apesar de a redução do PIS/Cofins sobre o diesel ser ainda um estudo, fontes ligadas à equipe econômica dizem que a presidente Dilma Rousseff está disposta a fazer a renúncia fiscal.

Na opinião do Governo, desonerações como sobre a cesta básica, etanol e diesel para os ônibus podem ajudar a reduzir a inflação, que acumulou cerca de 6% em 12 meses saindo do centro da meta do Banco Central, e devem impactar diretamente as classes de renda mais baixa.

No caso do diesel, o objetivo é reduzir os percentuais dos futuros aumentos das tarifas de ônibus urbanos.

O anúncio foi feito um dia depois de a Petrobrás aumentar pela segunda vez no ano , quase consecutivamente, o preço do óleo diesel nas refinarias, em 5%.

Cidades que congelaram as tarifas de ônibus, a pedido do Ministro da Fazenda Guido Mantega, que teme um descontrole ainda maior da inflação (se não houvesse esse temor e se a inflação estivesse sobre controle, claro que Mantega não faria este tipo de pedido) não devem antecipar os reajustes das passagens por causa deste mais recente aumento do diesel.

No entanto, ele deve ser contabilizado nos próximos reajustes para o passageiro, ou seja, o aumento vai ser maior ainda depois do favor pedido por Guido Mantega. O aumento de 5% nas refinarias não deve ser repassado completamente ao consumidor final, mas vai resultar sim num valor maior do diesel e, consequentemente, nas passagens de ônibus que ainda não subiram.

As queixas de poderes públicos locais e operadores de transportes coletivos são de que os dois reajustes de diesel ocorreram depois dos aumentos das passagens em boa parte das cidades, assim, as elevações nos valores das passagens já estariam defasadas frente aos custos maiores de operação logo em seguido dos aumentos. O valor do diesel está entre os principais itens de custo de operação de transporte coletivo.

Não há data para que a desoneração do diesel possa acontecer. A margem fiscal do Governo Federal para desonerações subiu R$ 10 bilhões. Nesta quarta-feira, dia 06 de março de 2013, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, informou que o limite para renúncias fiscais este ano subiu para R$ 36,1 bilhões.

terça-feira, 5 de março de 2013

Cidades do ABC querem corredores de ônibus integrados

As cidades do ABC Paulista devem ter corredores de ônibus interligados para aumentar a velocidade operacional do transporte coletivo da região, que hoje é considerada baixa e que não permite que o transporte público consiga convencer o proprietário do automóvel a deixar o carro em casa.

A integração de corredores municipais e criação de espaços preferenciais para ônibus de caráter intermunicipal fazem parte dos estudos das sete cidades da região sobre mobilidade urbana.

A ligação entre os futuros corredores municipais de São Bernardo do Campo com os de Diadema e a criação de espaços preferenciais no eixo entre São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires estão nos planos. No entanto, a maior parte das propostas não tem datas e especificações técnicas definidas.

Nesta segunda-feira, dia 04 de março de 2013, os prefeitos se reuniram no Consórcio Intermunicipal do ABC e após reuniões e estudos das pastas municipais de transportes que atuaram em conjunto, listaram um pacote de 116 possíveis obras que devem atender 16 eixos principais da região.

Nem todas estas obras se referem ao transporte coletivo. Há intervenções simples como adequações geométricas de vias até mais complexas como novas avenidas e viadutos.

Em aproximadamente 15 dias, a lista deve ser entregue à equipe da Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, para que a região consiga liberação de recursos federais para algumas destas propostas de obras.

O prefeito de São Bernardo do Campo e presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, Luiz Marinho, disse que nem todas as obras propostas receberão financiamento do Governo Federal, mas que a partir da aprovação das obras, será possível definir as prioridades.

A partir deste momento, ele acredita que será possível estabelecer convênios com o Governo Federal dentro de um prazo de 90 dias. Mas as obras só devem sair do papel em 2014.

Ele estima que entre as intervenções viárias e de transportes coletivos, o pacote de obras deve custar entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões.

“Não podemos dizer que temos um projeto ainda. A equipe técnica contratada está trabalhando. Nós demandamos olhando as sete cidades. Hoje podemos chamar de pré-estudo para ser complementado para virar um plano de mobilidade regional de intervenções viárias e de intervenções para o transporte coletivo” – disse Marinho se referindo ao fato de que as propostas só devem virar planos depois de o Governo Federal definir o quando deve liberar de recursos para a região.

“Se você for analisar que o Governo Federal tem R$ 38 bilhões disponíveis agora para a mobilidade em todo o País, R$ 10 bilhões só para o ABC é algo ousado. Mas querermos mostrar ao Governo Federal o tamanho problema da mobilidade na região” – complementou Marinho.

O Consórcio também pretende apresentar as propostas ao Governo do Estado para também ter a contrapartida estadual nas intervenções de mobilidade.

CORREDORES DE ÔNIBUS DEVEM SER INTEGRADOS NO ABC PAULISTA:

Mesmo desenvolvendo corredores municipais, as cidades estudam a possibilidade de integrar estes espaços com corredores de municípios vizinhos.

Entre as propostas estão a comunicação de corredores de São Bernardo do Campo com Diadema e a criação de espaços prioritários para os ônibus no chamado eixo Sudeste entre São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires.

A coordenadora do GT (Grupo de Trabalho de Mobilidade) do Consórcio, Andrea Brisida, diz que obras viárias são importantes, mas destaca que somente o investimento em transporte público é que vai permitir uma melhoria no ir e vir das pessoas para o futuro.

“Na verdade, todas as obras que priorizam o transporte coletivo visam o futuro. Hoje todo nosso sistema viário está saturado. Não há via que se faça que dê contra do aumento da frota. Os prefeitos já começaram a perceber que o foco está no transporte público. Apesar de ser um grande pacotão de obras viárias (a lista das 116 intervenções aprovada pelos prefeitos nesta segunda-feira) ele não perde a priorização do transporte coletivo. A bifurcação da linha 18 (monotrilho, formando um “Y”passando pela região do Córrego Taioca, sendo interligado ao Terminal de Ônibus de Vila Luzita) já visa o futuro. Repactuar com o Estado a necessidade do Expresso ABC – Guarulhos e do Expresso ABC, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) também precisa ser reforçado. Um dos corredores mais importantes que nós elencamos como eixo é o Corredor Sudeste, que é a ligação desde o limite de São Caetano do Sul com São Paulo, vindo pela Dom Pedro II, Perimetral (Santo André), Avenida João Ramalho, Avenida Capitão João (Mauá) até a Avenida Humberto de Campos (Ribeirão Pires). Todo este eixo é o principal de Transporte Coletivo da Região do ABC. O tipo de priorização, ainda não conseguimos detalhar. Pode ser um corredor de ônibus, faixas preferenciais em horários de pico. Depende do detalhamento de cada trecho destes projetos. Esse viário tem características diferentes em cada trecho. Mas a gente identificou que é um eixo prioritário de transporte coletivo sim.” – explicou a coordenadora do GT – Grupo de Trabalho de Mobilidade do Consórcio Intermunicipal do ABC, Andrea Brisida.

Ela também disse que o Consórcio aguarda as definições sobre a licitação da área 5 da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, corresponde aos serviços de ônibus intermunicipais do ABC Paulista, o único lote da Grande São Paulo que não opera de acordo com a lei e ainda tem contratos de permissão precária e não de concessão. A proposta principal quanto a área 5 é eliminar as sobreposições de linhas municipais com intermunicipais de ônibus.

Marinho AdamoO prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, disse que espaços para ônibus da cidade serão ligados às vias para transporte coletivo de Diadema.

“Os corredores das cidades se integrarão. Por exemplo, o corredor Leste/Oeste de São Bernardo do Campo vai até dentro do Terminal de Diadema. Então este corredor estará conectado a outros corredores de Diadema. Assim será com outras cidades. Essas intervenções de divisas (propostas pelo Consórcio) vão ajudar na ligação de corredores municipais. Exemplo, essa intervenção da Lauro Gomes com São Caetano do Sul dando sequencia da Guido Aliberti, do lado de São Paulo, que não existe. A Lauro Gomes segue até a divisa com São Paulo e dá sequencia na marginal na regiã., no lado de São Caetano e do outro lado do rio até a Avenida Goiás” – contou Marinho que revelou também que Santo André já realiza um estudo para a implantação de corredores municipais de ônibus e que Mauá vai também iniciar estudos para corredores de ônibus do sistema da cidade, hoje servido pela Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros.

Entre as obras viárias, Luiz Marinho citou a duplicação da Rodovia Índio Tibiriçá e Caminho do Mar, eliminação de cruzamentos livres na Avenida do Estado e a extensão da Lauro Gomes, que pode vir a cruzar a Avenida Pereira Barreto.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes