O
primeiro semestre deste ano teve 25,4% menos atropelamentos na
comparação com o mesmo período de 2011. Nos seis primeiros meses, foram
488 vítimas em Santo André, São Bernardo e São Caetano, contra 654 de
janeiro a junho de 2011. As demais prefeituras da região não informaram
os números. Ações de conscientização são apontadas como a principal
causa da diminuição.
A cidade que obteve o resultado mais
satisfatório foi São Caetano, que conseguiu reduzir o número de casos em
81,7%, passando de 93 para 17 ocorrências no semestre. O município foi o
primeiro da região a criar campanha de proteção ao pedestre. O projeto,
batizado de Faixa Segura, foi lançado em maio do ano passado. As vias
onde há maior risco de atropelamento são as avenidas dos Estados, Guido
Aliberti e Presidente Kennedy.
Em São Bernardo, a queda foi um pouco menor
que a média regional. Foram registrados no município 23,6% menos
acidentes com pedestres, passando de 279 para 213 episódios nos seis
primeiros meses de 2012, ante o mesmo período do ano anterior. Segundo a
Prefeitura, a maioria dos atropelamentos ocorreu na Estrada dos
Alvarenga, nas avenidas Brigadeiro Faria Lima, Lucas Nogueira Garcez e
Capitão Casa, além da Rua Marechal Deodoro, no Centro.
A redução foi tímida em Santo André, com
8,5%. A cidade registrou 258 casos no primeiro semestre deste ano,
contra 282 no período anterior. A administração lista a Rua do Oratório e
as avenidas Dom Pedro II e Pereira Barreto como pontos de maior
incidência.
MORTES
Em São Bernardo e Santo André, o número de
mortes por atropelamento no local do acidente teve queda de 42,8%,
passando de 14 para oito casos somados. São Bernardo teve queda de sete
para uma morte, enquanto em Santo André foram registradas neste ano as
mesmas sete vítimas fatais do primeiro semestre de 2011.
São Caetano diz não ter a quantidade de vítimas fatais, pois o levantamento é feito pelo IML (Instituto Médico-Legal). A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram procurados pelo Diário desde o início do mês, mas não divulgaram os dados.
São Caetano diz não ter a quantidade de vítimas fatais, pois o levantamento é feito pelo IML (Instituto Médico-Legal). A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram procurados pelo Diário desde o início do mês, mas não divulgaram os dados.
Apesar da desorganização do poder público na
contabilização dos casos, a redução de mortes é vista de forma positiva
pelo urbanista Nazareno Affonso, que, em 1997, criou em Brasília a
campanha pioneira de respeito ao pedestre. "A ONU (Organização das
Nações Unidas) definiu em 50% a meta de redução na década. Com esse
número, estamos quase chegando lá." Affonso foi secretário de
Transportes em Santo André entre 1989 e 1992, na gestão do prefeito
Celso Daniel (PT), morto em 2002.
Especialista atribui redução à influência da Capital
O urbanista Nazareno Affonso, criador da
primeira campanha de proteção ao pedestre no País, acredita que a
diminuição nos atropelamentos na região possa ter ligação com a campanha
da prefeitura de São Paulo.
No centro expandido da Capital, foi
registrada redução de 43,6% no número de mortes, segundo a CET
(Companhia de Engenharia de Tráfego). A queda compreende o intervalo
entre maio de 2011 a março de 2012, na comparação com o mesmo período do
ano anterior. Em toda a cidade, a queda foi de 10,3%.
"Por ser região metropolitana, as ações de
uma cidade influenciam nas demais", avalia Affonso. Ele acrescenta que,
em 1997, quando a campanha pioneira foi criada em Brasília, também foi
observado fenômeno semelhante nas outras cidades do Distrito Federal.
Para Consórcio, números são reflexo do Travessia Segura
Apesar de a campanha Travessia Segura ter
pouca força na região, o projeto é visto pelo Consórcio Intermunicipal
do Grande ABC como responsável pela redução no número de atropelamentos.
A iniciativa foi criada pela entidade em dezembro do ano passado e, até
agora, poucas ações foram vistas nas ruas.
A subcoordenadora do Grupo de Trabalho do
Consórcio, Cristina Baddini, avalia que a campanha fez aumentar nos
motoristas a conscientização pelo respeito ao pedestre. "Entendo que
essa redução é resultado claro das ações do Travessia Segura." Para
diminuir ainda mais o número de atropelamentos, Baddini reivindica que a
Polícia Militar intensifique as blitze da Lei Seca.
Outra sugestão é para que o policiamento
reforce a fiscalização contra veículos que possuam nos vidros películas
escuras que impossibilitem a visão interna. "Geralmente, ao atravessar,
há uma espécie de negociação visual entre o motorista e o pedestre.
Então, se a pessoa não vê o condutor, podem aumentar os riscos, pois o
motorista pode estar olhando para outro lado."
Em outubro, o presidente do Consórcio e
prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), havia dito
que a entidade tiraria a campanha das ruas até o fim do período
eleitoral. O argumento era que os materiais de publicidade dos
candidatos iriam provocar saturação. No entanto, Baddini, que é diretora
de Transportes em São Caetano, afirma que o projeto não foi paralisado
no município.
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