terça-feira, 30 de março de 2010

O carro elétrico é mais caro e polui mais?

Para responder a esta questão, temos de perceber o que está por detrás do preço e da poluição. No primeiro caso referimo-me ao preço do KWh e no segundo às emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa. De modo algum uma análise de um carro elétrico se resume a estes dois parâmetros, mas são eles que vão condicionar principalmente a aceitação pelo mercado e a real mudança de paradigma.


Começando pelas emissões. A energia elétrica provém da queima de fontes fósseis, barragens (hídrica), energia eólica (aerogeradores), painéis fotovoltaicos e outras renováveis, mas estas são as que hoje mais implementadas estão. Na queima de combustíveis fósseis, usam-se centrais termoelétricas para se vaporizar água e com o vapor obter energia elétrica através do uso de turbinas. As barragens utilizam a diferença de altura (energia potencial) para produzirem energia elétrica movendo uma turbina, a energia eólica com o movimento das suas pás gera energia elétrica através de uma turbina igualmente e no caso dos painéis fotovoltaicos é o efeito fotovoltaico que está aqui em jogo que permite produzir uma corrente elétrica através da radiação solar (utilizando alguns materiais semicondutores). Cada tecnologia tem o seu rendimento e as suas emissões de CO2.

Os carros deviam pagar pelas suas emissões: no caso dos à gasolina/óleo diesel é fácil e é apenas pagar, no veículo elétrico a mesma coisa deve acontecer consoante o tipo de KWh consumido. Penso ser este o mecanismo regulador que falta implementar a nível global nos países ditos desenvolvidos. A origem do KWh deve ser completamente transparente para que os tarifários verdes possam ser uma realidade e aí sim temos um mecanismo verdadeiramente limpo. No entanto atualmente as renováveis necessitam de mudanças na infra-estrutura de rede de distribuição elétrica e nada garante que consigamos fazer uma correspondência entre os consumos nos automóveis e o fornecimento de eletricidade renovável.

Não é ser contra o veículo elétrico, antes pelo contrário, mas empurrar o problema para a frente não é a solução e temos de encarar os transportes elétricos e a produção de eletricidade como um todo para se perceber o cenário total e não apenas parcial. Ninguém fala em redução do uso de transportes, apenas a massificação de veículos elétricos e isso não resolverá problema alguma a nível do trânsito das cidades. Os transportes públicos continuam a ser um vetor essencial e andam meio esquecidos.

3 comentários:

  1. Olá Cristina,
    Acredito que só uma mudança cultural muito ampla poderá reduzir a poluição por veículos automotores, nada de carros! Só chegaremos no ideal com a ampliação exponencial da malha ferroviária para longas distâncias e nos grandes centros a criação de malhas cicloviárias e o incentivo ao uso massivo de bicicletas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Cristina, gostei da visão do post.

    O problema do veículo elétrico, além do preço, é a mudança constante de tecnologia. Dessa forma o veículo torna-se obsoleto em poucos meses e é preciso trocar por outro. Mais lixo eletrônico.

    Sem contar que não é muito inteligente um veículo de uma tonelada para levar uma pessoa. Solução? Transporte coletivo público de qualidade.

    Mas não vou deixar de ter meus carrinhos antigos para um passeio sem compromisso! hehehe A ideia, por hora, é fazer um uso racional do veículo a combustão.

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