segunda-feira, 29 de março de 2010

Relatório do governo culpa carro e moto por poluição no trânsito

A frota de carros e motocicletas do país emite 40 vezes mais CO (monóxido de carbono), poluente oriundo da queima de petróleo e que afeta o sistema cardiovascular, do que a frota de ônibus urbanos. É o que revela estudo inédito divulgado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, que realizou um inventário das fontes de poluição por veículos usados no transporte rodoviário.



Segundo o estudo, em 2009 as emissões de CO por parte de carros e motos corresponderam a 83% do total desse gás no transporte rodoviário. Os ônibus responderam por 2%. O número de usuários em cada modalidade, porém, foi equivalente: o transporte coletivo somou 16,8 bilhões de passageiros em 2008 e 2009 e o individual, 17 bilhões.



Para o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o resultado, "completamente gritante e chocante", revela a falência do modelo de transporte no Brasil. "Isso mostra realmente a falência do sistema público de transporte, o atraso do metrô, as deficiências do trem, questões que a gente tenta enfrentar agora em algumas cidades."





Ao longo das últimas três décadas, porém, as emissões de poluentes como o CO vêm caindo no país, a despeito do aumento da frota de veículos - em 1980, o número de carros era de 7,5 milhões; em 2008, bateu 21,1 milhões. Somando-se os outros veículos, a frota nacional em circulação chega a 36 milhões de unidades.



Segundo o ministro, a queda ocorreu devido à implementação do Proconve (Programa de Controle de Poluição Veicular), no fim da década de 80. O programa, que passou a estipular limites máximo de emissões de poluentes para os veículos, levou ao desenvolvimento de motores e combustíveis.



"Antes, a emissão de CO de um carro era de 58g/km; hoje, o limite máximo é de 0,5g/km", explica o gerente de qualidade do ar do ministério, Rudolf Noronha. Na próxima fase, a ser implementada em 2013, o valor máximo será de 0,3g/ km.



Com isso, as emissões de CO em 2009 foram de cerca de 1,5 milhão de toneladas. Em 1992, o total ficou próximo de 5,5 milhões de toneladas, maior valor já registrado no país.



Reduções semelhantes também foram verificadas nas emissões de hidrocarbonetos não metano, óxidos de nitrogênio, material particulado e aldeídos, poluentes que também são regulados pelo governo.



A liberação de CO2 (dióxido de carbono) decorrente da queima de combustíveis fósseis, porém, aumentou de forma contínua ao longo dos anos - dos 60 milhões de toneladas anuais estimados para 1980, passou para 140 milhões de toneladas em 2008. O CO2 é um dos gases responsáveis pelo aquecimento global, mas, como não era considerado poluente, não teve seus limites de emissão estabelecidos pelo governo.



Número de motos cresce 3.000% desde 1980



Em pouco menos de três décadas, o número de motocicletas em circulação no país saltou de 270 mil para 9,2 milhões. A expansão -de mais de 3.000%- entre 1980 e 2008 foi a maior

registrada entre os diferentes tipos de veículos rodoviários que circulam no país.



No entanto, ao contrário do que ocorreu com o segmento de automóveis, no qual o crescimento da frota foi acompanhada de uma migração para veículos flex, no caso das motocicletas, quase todas são movidas a gasolina, combustível mais poluente. De todas as motos em circulação em 2009, apenas 2% funcionavam tanto com álcool quanto com gasolina.



O controle sobre as emissões de poluentes por parte dos veículos de duas rodas também é recente - até 2002, não havia qualquer regra sobre o assunto. Com isso, uma moto poluía o mesmo que três carros. Hoje, segundo o gerente de qualidade do ar do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf Noronha, os números já são equivalentes.



Para o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), a explosão na quantidade de motos em circulação está relacionada à qualidade baixa e ao preço alto do transporte público, além dos engarrafamentos cada vez maiores nas cidades. A projeção é que, em 2020, o número de motocicletas em circulação no Brasil chegue a 20 milhões.



O ministro afirma, porém, que a população precisa atentar para o problema ambiental e urbano causado pelos meios de transporte. "Ela [a população] pode escolher veículos



menos poluentes, utilizar transportes alternativos e exigir dos governantes medidas efetivas para um transporte integrado nas grandes cidades", afirmou.



Ele lembrou que, no site do Ibama (www.ibama.gov.br), é possível consultar a "nota verde" dos veículos comercializados no país, atribuída de acordo com as características e níveis de emissão de poluentes e gases do efeito estufa.

Denatran,

Um comentário:

  1. Engraçado que, apesar de tudo isso, o governo Federal "matou" o uso do GNV, que não polui. Isso por questões políticas e econômicas e porque nosso presidente acha que é papai noel e dá nosso dinheiro a países vizinhos. Tenho carro a gás há bastante tempo mas hoje, infelizmente, não compensa mais gastar aproximadamente 2 mil reais para fazer a instalação do kit gás, pois o combustível está custando, nas bombas mais baratas, cerca de R$ 1,40 (apesar de o Brasil possuir uma bacia gigante de gás Natural). Logo, demora-se muito para recuperar o valor investido, o que leva as pessoas a não se interessarem mais pelo gás. O que poderia ser uma ótima solução ambiental acabou boicotada por nossos governantes... lamentável!

    ResponderExcluir