sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Está disponível ‘on line’ o Observatório da Mobilidade Urbana da América Latina (OMU)

Em solenidade realizada no dia 14 de setembro de 2010, em Bogotá, na sede da Corporación Andina de Fomento (CAF), foi oficialmente lançado o Observatório da Mobilidade Urbana da América Latina (OMU), que reúne dados que permitem avalia a situação de 15 cidades da região: Buenos Aires, Belo Horizonte, Bogotá, Caracas, Cidade do México, Curitiba, Guadalajara, León, Lima, Montevidéu, Porto Alegre, Rio de Janeiro, San José, Santiago e São Paulo.

Trata-se de uma iniciativa da CAF que teve apoio da ANTP. Eduardo Alcântara de Vasconcellos, responsável pelo Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP (SiMob) foi o especialista contratado pela CAF para coordenar o projeto. Ele trabalhou com outros especialistas de todos os outros países envolvidos. Nesta entrevista ele fala a respeito do novo sistema, que está aberto à consulta pública, inclusive futuramente por intermédio do Portal da ANTP. Neste entrevista, Vasconcellos fala sobre o novo sistema.

Informativo ANTP – Como surgiu e prosperou a ideia de se criar um Observatório da Mobilidade Urbana da América Latina?

Eduardo Alcântara de Vasconcellos – A América Latina nunca teve um banco de dados sobre transporte urbano. Houve algumas tentativas no passado, mas ninguém havia conseguido. Desta vez, Corporación Andina de Fomento (CAF), que é um banco de fomento similar ao BNDES, decidiu reunir um conjunto relativamente grande de especialistas de vários países e conseguiu organizar esse Observatório de Mobilidade Urbana da América Latina.

Informativo ANTP – A presença de cidades brasileiras entre as cidades participantes é significativa.

Eduardo Alcântara de Vasconcellos – Neste primeiro momento, o Observatório reúne cinco cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Com base num acordo entre a CAF e a ANTP, utilizamos dados do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana, mantido pela ANTP. Há outras dez cidade de outros países da América Latina: Buenos Aires, Argentina; Montevidéu, Uruguai; Santiago, Chile; Lima, Peru; Bogotá, Colômbia; Caracas, Venezuela; San Jose, Costa Rica, e três cidades mexicanas: Cidade do México, Leon e Guadalajara.

Informativo ANTP – Qual o significado desse projeto para os pesquisadores e organizações públicas e privadas?

Eduardo Alcântara de Vasconcellos – É a primeira vez que sem te uma idéia geral do que acontece na América Latina em termos de mobilidade urbana. Com o Observatório, é possível comparar as cidades sob vários aspectos. Foram empregados mais de 50 indicadores na coleta dos dados o que torna o resultado muito rico. Creio que a partir de agora é possível estudar melhor os problemas, comparar as cidades, procurar soluções que atendam a várias cidades. É realmente um marco na história da análise do estudo do transporte urbano na América Latina.

Informativo ANTP – Como se desenvolveu o trabalho de estruturação do Observatório?

Eduardo Alcântara de Vasconcellos – O trabalho técnico começou há três anos e a grande dificuldade foi que, e em certas situações, não se tinha informações de boa qualidade. Então, os especialistas dos diversos países tiveram que colocar em campo a experiência e o conhecimento que têm de suas respectivas cidades. Eles conseguiram juntar todas as pecinhas do quebra-cabeça. Muitas vezes, nos deparamos com informações muito estranhas, destoantes, que deveriam ser averiguadas. É um trabalho de ourivesaria para acertar tudo: montamos alguns filtros estatísticos e fomos fazendo os ajustes, concertando todos os desvios, os erros, e o banco de dados final acabou ficando muito bom, muito próximo da realidade.

Informativo ANTP – A ideia foi construir um parâmetro que servisse para esse conjunto de cidades e daí para outras cidades latinoamericanas?

Eduardo Alcântara de Vasconcellos – Sim. Temos aqui, no Sistema de Informações da ANTP, uma série de filtros estatísticos e usando esses filtros podemos investigar melhor o que existe nas cidades da América Latina. Por exemplo, observamos que há uma variedade grande de tipos de veículos em operação de transporte público na América Latina. Há veículos como automóveis, utilitários e microônibus muito pequenos fazendo o trabalho de transporte público, assim como há ônibus grandes, articulados inclusive. Mas a tendência é que todos eles, por toda uma lógica de funcionamento do sistema, circulem entre 200 e 240 quilômetros por dia; essa é uma variável que não se altera muito, independentemente da cidade e do porte do veículo e, com o Observatório, podemos fazer centenas de análises parecidas com essa . Por outro lado, há grandes diferenças entre as cidades participantes, seja por sua história ou por seu porte de modo que nem todas as comparações são pertinentes. De todo modo, as possibilidades são muito interessantes; podemos fazer comparações sobre tarifas, consumo de energia, emissão de poluição e custo do sistema de transporte em de cada cidade, só para ficar em alguns exemplos. Na biblioteca da ANTP haverá alguns exemplares do relatório do Observatório. Teremos também o relatório tem um DVD, com o banco de dados, tabelas paralelas. Mas na Internet é possível consultar tudo isso.


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